No dia 24 de abril de 2009, o Prof. Dr. Mauro Bertotti, coordenador do GT Vestibular – grupo que elaborou a proposta das mudanças da Fuvest – veio ao Cursinho da Poli apresentar o novo formato do maior vestibular do país.
Clique aqui para ver como foi a palestra e leia abaixo a entrevista exclusiva que ele deu ao Vox, o Boletim Informativo do Cursinho da Poli:
Discutiu-se há pouco tempo a unificação dos vestibulares da USP, da Unesp e da Unicamp. Por que isso não aconteceu?
De fato, a professora Selma (Garrido Pimenta, pró-reitora de Graduação da USP) nos trouxe a notícia de que, numa reunião no Conselho Estadual da Educação, foi sugerido unificar o vestibular, e uma possibilidade seria usar o Enem como primeira fase. Mas esse assunto nunca esteve em pauta no grupo.
E o que acha da proposta do ministro da Educação, Fernando Haddad, de usar o Enem como prova única para as universidades federais?
Acho razoável, se a prova tiver mais conteúdo, mais do que ela tem hoje. Talvez seja adequado promover uma segunda fase elaborada pela instituição, dado que alguns cursos são muito competitivos. Para o aluno, é bom pela mobilidade. Ele pode fazer o exame no Amazonas e, se o desempenho for muito bom, conseguir uma vaga em São Paulo sem precisar se deslocar até aqui para fazer a prova.
A Unesp incluiu em seu vestibular Filosofia, Artes e Educação Física, disciplinas presentes no currículo do Ensino Médio. A Fuvest ainda não sinalizou a inclusão desses assuntos em seu vestibular. Há alguma previsão ou intenção?
O grupo achou que, no atual momento, seria temerário colocar essas disciplinas, porque elas ainda não estão institucionalizadas. Mas, no futuro, não seria contra.
O atual formato dos vestibulares exige um conteúdo exageradamente extenso, considerando que o que se cobra de fato é bem menor. O aluno acaba estudando muitos assuntos e se aprofundando muito pouco. As especializações de disciplinas já no Ensino Médio seriam uma saída?
Em MG está acontecendo isso.Eu li no jornal e achei péssimo. Acho que é o pior que poderia acontecer: o aluno entrar no Ensino Médio sabendo que vai para as disciplinas exatas, por exemplo. Isso vai contra o que a gente está propondo, tanto que a ideia é que a segunda fase tenha todas as matérias. Eu fui a várias escolas públicas e particulares e a reclamação é sempre a mesma: elas querem ter uma proposta pedagógica diferente, fazer com que o aluno seja reflexivo, autônomo, pense e critique, mas não podem porque não têm espaço, têm que “jogar” conteúdo no aluno.
Quando os candidatos poderão se informar sobre quais disciplinas cada carreira vai exigir no terceiro dia de prova?
Todas as unidades da USP vão mandar para a pró-reitoria de Graduação um oficio indicando se querem duas ou três disciplinas no terceiro dia da segunda fase. Isso vai estar no manual do candidato, que só sai em agosto. Pode ter carreira que vai exigir três matérias; na Politécnica, por exemplo, devem ser Química, Física e Matemática. A minha impressão é que não vai mudar muito do que é hoje.
Os bônus do Enem, da Avaliação Seriada e de quem é oriundo de escola pública continuam valendo neste novo formato da Fuvest? Aliás, o Pasusp continua em 2009?
O grupo chegou a falar sobre o bônus, mas achou que o assunto iria desfocar a discussão. Decidimos separar por etapas: primeiro, aprovar o formato do vestibular; agora, o formato do bônus. Na minha opinião, não vai mudar muita coisa. O Pasusp, acredito, vai continuar, independentemente da Secretaria da Educação.
Recentemente, estudantes ligados à Une e à Ubes realizaram manifestações pedindo o fim do vestibular, e protestando contra a possível utilização do Enem como avaliação seletiva. Sua proposta seria fazer um processo seletivo durante o Ensino Médio, semelhante ao Pasusp. Seria possível esse formato de vestibular na Fuvest?
Já tivemos essa discussão na USP há uns quatro anos. A ideia era que uma avaliação estendida ao longo de três anos poderia favorecer alunos de escola pública. Na prática, percebeu-se que não, porque, passando pelo mesmo processo, os alunos de escolas particulares seguiriam indo melhor do que os das públicas. Se o objetivo é selecionar mais alunos da escola pública, esse mecanismo não serve, não funciona.
Então o Pasusp limitou-se a dar pontos de bônus aos alunos da escola pública?
O Pasusp é, na verdade, um instrumento para estreitar a relação com os alunos de escola pública. A ideia é servir de aproximação. Queríamos chegar à escola pública e mostrar ao aluno que a USP existe e é acessível, desde que ele estude, claro. O mais importante, e percebo que não está muito claro, é que o aluno tem que ter uma razão para entrar na USP – não é só porque ela é de graça.
As informações contidas nas respostas do entrevistado não traduzem necessariamente a opinião do Vox. topoAv. Ermano Marchetti, 576 (Lapa), R. Desembargador Bandeira de Mello, 468 (Sto. Amaro), R. Sabbado D'Angelo, 2040 (Itaquera)
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Redação: Leonardo Vinícius Jorge - Design: Brasil Multimídia
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