A crise financeira mundial, cujo ápice aconteceu em setembro de 2008, mostrou mais uma vez que, no final, quem paga as apostas milionárias do mercado de ações é o trabalhador comum. Com a quebra de bancos e os pedidos de concordata ou fusão entre empresas, a primeira reação das grandes corporações é realizar demissões em massa. Até o final de 2009, a Organização Internacional do Trabalho prevê cerca de 30 milhões de novos desempregados em todo o mundo, o que causará o aumento da pobreza e um retrocesso nas políticas sociais.
Nesse ambiente de incertezas e desvalorização do trabalhador, que caminhos os jovens poderiam percorrer para ingressar no mundo do trabalho? O atual cenário é uma ótima oportunidade para se conhecer a Economia Solidária, uma forma diferente de se fazer economia e criar relações profissionais, baseada numa gestão democrática dos empreendimentos. Os trabalhadores unem-se em cooperativas, eliminando a hierarquização profissional: não há patrões nem empregados; o gerenciamento e o resultado da produção e da distribuição dos produtos e serviços são divididos de forma igualitária entre os membros. Essa forma diferente de economia pode ser aplicada em qualquer tipo de atividade: na metalurgia, na reciclagem, na agricultura, na confecção, na construção civil, na prestação de serviços etc.
Diferente da lógica empresarial que visa ao lucro, a Economia Solidária dá atenção à qualidade de vida do trabalhador, e a distribuição de renda ou de prejuízo é proporcional ao trabalho realizado. Como todos são donos da cooperativa, todos participam das decisões por meio de assembleias e reuniões. A Economia Solidária é uma oportunidade para os jovens iniciarem uma profissão e adquirirem experiência profissional, evitando ingressar no comércio informal. “O comércio ambulante e informal não é regulamentado legalmente, o que onera o Estado e vai na contramão de um país democrático. Além disso, supõe relações individuais tanto na comercialização quanto na aquisição de produtos de grandes empresas fornecedoras – que, para vender a baixo custo e obter alto lucro, geralmente privilegiam a exploração de mão-de-obra barata, e muitas vezes escrava, de mulheres e crianças”, explica Arildo Mota Lopes, diretor-presidente da Unisol Brasil, entidade de representação política de mais de 450 empreendimentos econômicos solidários em todo o país. Ou seja, a Economia Solidária também contribui para o consumo consciente e para o desenvolvimento sustentável.
Em tempos em que bancos precisam pedir dinheiro ao Estado e multinacionais fundem-se para não entrar em concordata – reflexo da crise financeira mundial –, a Economia Solidária também permitiu a empresas que quase faliram recuperar-se quando passaram a ser geridas pelos funcionários, tornando-se grandes cooperativas. “Na rede da Unisol Brasil”, conta Arildo, “temos alguns exemplos importantes de empresas recuperadas, como a Uniforja, a Unipol, a Copromen, a Metalcoop e a Uniferco. Hoje, elas são exemplos de administração de sucesso, competitivas no mercado capitalista, mas que mantêm seus ideais de relações de trabalho mais humanas e solidárias”.
A Economia Solidária também tem recebido atenção de políticas públicas. Em 2003, o Congresso Nacional aprovou projeto de lei que criou a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes).
Clique aqui para conhecer os demais vídeos informativos sobre a Economia Solidária desenvolvidos pelo Senaes. É possível conhecer mais profundamente as características dessa “outra” economia em dois livros de Paul Singer, secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego: Introdução à Economia Solidária e A Economia Solidária no Brasil – A autogestão como resposta ao desemprego. Confira também a publicação Desafios da Economia Solidária, pertencente à série de livros temáticos da edição brasileira do Le Monde Diplomatique.
Portanto, se o momento é de crise, também é de procurar soluções, e a Economia Solidária é uma ótima forma de o jovem atuar em sua comunidade de maneira democrática e profissional. É importante, também, levar o assunto às salas de aula e mostrar que o sistema de relação profissional dominante não é o único, que há escolhas. Escolhas melhores.
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Redação: Leonardo Vinícius Jorge - Design: Brasil Multimídia
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