BATALHA PROFISSIONAL Apesar de ainda existirem preconceitos e diferenças inexplicáveis nos salários, as mulheres seguem conquistando espaços no mercado de trabalho

Nínive, aluna do Cursinho da Poli Nínive, aluna do Cursinho da Poli, vai prestar para medicina: “Os próprios pacientes são preconceituosos”.

Foi-se o tempo em que algumas profissões eram exclusivas dos homens. Hoje, a mulher conquista cada vez mais espaço no mercado de trabalho, não só ocupa cargos importantes em empresas grandes e alcança o poder executivo em muitas de suas instâncias, como exerce funções variadas em muitas atividades que, até uma ou duas décadas atrás, ainda lhes eram vedadas. É evidente que certos problemas persistem. Há preconceito e discriminação, por exemplo, na inexplicável diferença de remuneração entre homens e mulheres. Mas a batalha pela igualdade de condições entre os sexos tem gerado bons resultados e permitido novos sonhos.

Isabella Carolina Silva, aluna do Cursinho da Poli, sabe disso muito bem: apaixonada por aviões, ela pretende fazer Engenharia Aeronáutica e prestará o vestibular do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e o da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular). Apesar de o número de mulheres que trabalham nessa área ser muito pequeno, Isabella sabe que o sucesso só depende de seu desempenho. “Uma vez fui a uma sala de um primo que faz Aeronáutica, e havia 46 homens e apenas 3 mulheres. A desproporção é absurda. Mas acredito que, sendo uma boa profissional, vou me destacar. Tem muito preconceito, mas é preciso enfrentar isso”.

Mas não é apenas em atividades militares que se pode encontrar essa diferença entre o número de homens e o de mulheres. Na Medicina, uma das áreas mais populares entre os vestibulandos, ainda existem preconceitos a quebrar: “Os próprios pacientes são preconceituosos. Quando é um homem quem vai fazer uma operação, o paciente fica mais confiante; se é uma mulher, o paciente hesita, acha que ela não é capaz... Eles não confiam!”, revolta-se Nínive Caetano da Silva, também aluna do CP. Mas ela não se intimida, não, e vai prestar para Medicina em todas as universidades públicas do estado de São Paulo e algumas do Rio de Janeiro. E quer mostrar que ser neurocirurgião não é prerrogativa masculina.

Formada em um Curso Técnico em Segurança do Trabalho, a jovem Abigail Petri já sentiu na pele o machismo em um ambiente profissional: “Uma vez, em uma empresa em que trabalhei, um senhor me disse que não iria receber ordem de uma ‘garotinha mimada’ e era ele quem faria sua própria segurança”. Apesar de sua profissão envolver esse contato direto com homens (mais velhos, inclusive), ela encara com coragem essa discriminação tão freqüente no ambiente fabril: “É um desafio que escolhi para mim. É preciso enfrentar esse preconceito e, acima de tudo, mostrar que tenho capacidade”.

E são diversas as áreas em que as mulheres vêm se destacando e conquistando espaços antes “proibidos” para elas: a bandeirinha Ana Paula, a árbitra Sílvia Regina e a jogadora Marta mostraram, com muita competência, que futebol também “é coisa de mulher”. E outras áreas profissionais seguem o mesmo exemplo, trazendo, hoje, muitas mecânicas, motoristas de ônibus e caminhões, mestres de obras, administradoras...Ainda há problemas a enfrentar, é verdade, mas as conquistas vêm sendo alcançadas.

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