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Dois prédios e quinze mil alunos estudando com apostilas elaboradas a partir da realidade do projeto.
Salas com ar-condicionado e sistema de som.
Saraus, shows, mostras de artes, encontros poéticos, palestras, oficinas para professores de escolas públicas..
Pequenos, médios e grandes eventos.
Psicólogos orientando a escolha profissional e assistentes sociais discutindo a realidade de cada aluno para poder oferecer bolsa àqueles que realmente necessitam.

Não, isso não era assim há pouco tempo, há muito pouco tempo.

A história do Cursinho não é apenas uma questão de números e conquistas de qualidade operacional, mas fundamentalmente de luta por qualidade e democratização do acesso à cultura e à educação pública e universal.
De qualquer forma, para se ter uma idéia, há seis anos, eram apenas 250 alunos, mal acomodados em salas inadequadas.

Hoje
Sala de aula do
Cursinho da Poli
1996
Alunos sentados no chão durante aula na Poli.
O objetivo do Instituto

A cultura está em toda parte, na escola, na universidade, no museu, nos prédios da cidade, na rua, no cinema, no mais belo rio que corre pela minha aldeia.
Nos livros, na participação política, na praça, nos cantos, no centro e na periferia. Até no que a gente joga no lixo e naquilo que reciclamos.

O que a gente quer dizer é que o Instituto do Grêmio Politécnico da USP para Desenvolvimento da Educação não tem por objetivo só preparar as pessoas para o vestibular e o mercado, sua finalidade principal é abrir as portas do universo da cultura para todos aqueles que o procuram. São muitas as atividades que têm esse caráter e que não são só destinadas aos estudantes.

Desde 1999, por exemplo, existe o programa Cursinho da Poli Faz Escola.
São cursos e oficinas gratuitos para educadores da rede pública. O programa acaba de ganhar uma versão impressa com o mesmo nome e distribuída também gratuitamente para os professores.
Para o ano de 2002, são esperados mais de mil educadores da rede pública.
Outro evento recentemente organizado pelo Instituto em parceria com as ongs Fênix e Estação da Arte foi o Fórum Por Poéticas De Paz nas Escolas.
Ele aconteceu no final de setembro de 2002 e teve por objetivo propor políticas de paz para as escolas.
A partir de estudos de grupos, debates, apresentações de experiências e depoimentos de personalidades e professores da rede pública, foram formalizadas
propostas de políticas educacionais para a paz. Não se pode pensar a paz como algo que está pronto e pode ser apropriado para garantir um tal de bem comum. Paz também não se constrói apenas com desejo.
Ela é resultado de projetos de políticas públicas que garantem qualidade de vida e acesso ao saber. É comida, poesia, esporte, moradia decente, música e uma nova ética para o trabalho, por exemplo. Em 2003, o Instituto pretende fornecer material didático, ainda experimentalmente, para algumas escolas públicas.

Fundado em 1987 pelo Grêmio Politécnico para promover a democratização do acesso à universidade, o Cursinho ficou dentro da própria USP até 1995.
“Fotografamos uma aula inaugural ministrada para alunos sentados no chão do biênio”, lembra Renato Rodrigues, diretor do Cursinho.
Foi a partir do momento em que o cursinho teve de deixar o campus universitário em 1996, que o Cursinho começou o processo de ampliação e passou a disponibilizar 450 vagas. O primeiro endereço fora do campus foi uma casa na Rua Alvarenga
(zona Oeste de São Paulo), nas proximidades da Cidade Universitária.
Em 1998, deu-se nova ampliação. A alguns quarteirões de distância do outro prédio, a rua MMDC passou abrigar 600 vagas, enquanto outros 250 alunos tinham aulas em salas da USP. Da atual Central de Cultura criada em 2000, havia apenas o Cineclube, que começou em 1997 com uma TV pequena, um quarto pequeno da casa da Alvarenga e muita vontade do Nico, aluno do cursinho.
A idéia das atuais oficinas de teatro foi surgindo em 1999 quando, por iniciativa de alunos, organizou-se um grupo de teatro para montar uma leitura dramática de Morte e Vida Severina, de João Cabral.
O mais complicado, porém, não eram as debilidades com a instalação, mas o fato de que entre 6 e 10 mil pessoas disputavam as 850 vagas existentes.
Quase 90% dos candidatos – os que mais precisavam do Cursinho – eram excluídos. Nos dois anos que permaneceu na MMDC, os caminhos para uma ampliação maior foram dados. “Quando o material não era nosso, não podíamos ter mais do que aquela quantidade de alunos”, diz Renato Rodrigues.

O primeiro passo foi juntar uma equipe de primeira linha de professores e supervisores que prepararam um material didático que passasse pelo conteúdo do vestibular, mas o superasse ampliando o universo cultural dos alunos. Em 2000, o novo material didático ficou pronto e veio a ampliação desejada. O número de vagas foi para 8 mil.
Já na Lapa (no atual prédio 1), novas atividades foram criadas, expandindo o alcance das ações já existentes, levando adiante o objetivo cidadão e democratizante do Cursinho.
O programa de bolsa começou com poucos, crescendo nos anos seguintes. Hoje são 3 mil alunos com maiores dificuldades financeiras que as recebem. O que equivale a aproximadamente R$ 1 milhão por ano. Entre os incluídos no programa de bolsas estão os sem-terra, indígenas, menores em situação de risco, encarcerados e outros grupos que têm ainda mais obstáculos para atingir a universidade. “Isso é muito mais do que imaginávamos ser possível há dois anos, mas ainda é menos do que desejamos. No entanto, para ampliar esse número, precisaremos que o Estado e empresas privadas nos auxiliem”, aponta Fábio Sato.
No ano seguinte, quando parecia que o Cursinho tinha atingido o ápice, veio uma nova ampliação. Na mesma rua foi alugado um outro imóvel (o atual prédio 2), que abriga mais salas de aula e possibilitou ampliar a capacidade de atendimento.
Isso fez com que em 2002 a prova de conhecimentos gerais perdesse seu caráter eliminatório, ficando restrita à constatação da situação média dos candidatos. Assim, a seleção passou a estar 100% por conta da avaliação sócioeconômica.
Ainda há muito o que fazer, não para que o Cursinho tenha 20, 30, 50 mil estudantes, mas para que a educação no Brasil seja realmente um direito e possa colaborar no sentido de transformar e qualificar nosso ambiente, nossa vida. Esse é o grande objetivo.



CENTRAL DE ATENDIMENTO: (11) 2145-7654 Unidades Cursinho da Poli: Zona Leste Lapa Santo Amaro